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Fôlego, Kim Ki duk

16:40 Unknown 0 Comentários Categoria :



Kim Ki duk é sul coreano e começou sua carreira já tarde aos 33 anos, como roteirista e diretor.  É um dos mais aclamados representantes da vanguarda cinematográfica da República da Coréia. O que eu mais admiro em sua trajetória é o fato de ele ter vindo de uma família do proletariado. Ele não tem sequer uma formação técnica. Um diamante bruto que se lapidou sozinho.  
 Em sua filmografia temos verdadeiras obras-primas, reais tratados sobre a natureza humana, como o belo “Primavera, verão, outono, inverno...e Primavera” e também o inesquecível “Casa vazia”.

Em “Fôlego” temos a história de uma mulher melancólica chamada Yeon, que passa por problemas em seu casamento. Sua vida é oca e seu olhar perdido. Assistindo diversas vezes no noticiário sobre o preso Jin, que está no corredor da morte e já tentou repetidas vezes se suicidar, ela tem uma inusitada vontade de ir visitar o desconhecido.

A fotografia transborda realismo, aquela velha simplicidade em tons nublados e modestos.  Movimentação de câmera bem sutil, o que nos dá uma sensação de lentidão, porém contraditoriamente tudo acontece de maneira abrupta.

E novamente, Kim Ki duk  com o mínimo de diálogo consegue dizer tudo.  O cinema dele é como o teatro de Antonin Artaud : “Do corpo pelo corpo com o corpo desde o corpo e até o corpo.” Não existe nada forçado, é um silêncio comum e natural que vibra em nossas mentes com centenas de palavras. Somos levados a tentar preencher as lacunas, lemos as expressões e olhares dos personagens procurando as palavras não ditas, aquelas soltas perdidas e quietas flutuando sobre a aura dos momentos. E então a necessidade de compreender é tão grande que nos tornamos parte da tragédia pela mágica da empatia. Todo filme enigma é um presente bom. É tentando desvendar o segredo e problema do outro que solucionamos o nosso próprio. E isso é válido também na vida. É um longa passível de mais de uma interpretação, tudo depende da percepção de cada um. Pode ser justificado do particular para o geral ou do geral para o particular.

A poesia amena é um véu que envolve tudo. A pequena sala de visitas da prisão, a ideia bonita tida por Yeon de encenar cada estação do ano e cantar músicas alegres. O choro de olhos fechados de uma mulher que sente que sua alma é como chumbo. Um beijo atrás de árvores falsas de outono. Tudo é vermelho e amarelo. É de fôlego que os dois personagens precisam para continuarem a arrastar suas vidas, ou no caso do preso no corredor da morte, apenas dias. Quanto tempo consegue ficar sem respirar? É uma analogia poética sobre a vida. “Fôlego” tem uma aura única que se agarra a nós durante e após o filme.

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