O Sétimo Selo, Ingmar Bergman
Mais um grande longa do querido Bergman. A base de fundo é o fim do período das cruzadas, na temporada da Peste Negra. Logo no início, já é narrado um trecho da bíblia, Apocalipse. O título, inclusive, é uma alusão bíblica, que remete ao entendimento de que quando é aberto o sétimo selo, é iniciado o fim dos tempos.
Um cavaleiro que volta das expedições com seu companheiro, acaba tendo um encontro com a morte, onde lhe faz a proposta de que joguem xadrez, se ele ganhar, a morte não poderá levá-lo.
Outro espetáculo filosófico de Bergman, O Sétimo Selo aborda questões existenciais, debatendo sobre fé, injustiças, e fanatismo.
Temos este personagem principal, o cavaleiro, que questiona a existência de Deus, e lamenta sua vida até o presente momento, por não ter possuído significado, por conta disso é que faz a proposta do jogo de xadrez com a morte, sua intenção é ganhar tempo, tempo para fazer algo memorável, que valha a pena.
É retratada as injustiças do cristianismo naquela época, declarando mulheres inocentes como bruxas, e as queimando cruelmente. A abordagem ao fanatismo vai além, nos mostrando uma liga de pessoas que peregrinam se auto-flagelando, porque consideram a peste como um castigo de Deus, então condenam a si próprios e a todos os outros como pecadores.
No filme há muitas nuances para serem refletidas, diálogos e monólogos de teor psicoanalítico nos intrigam e fazem com que nós também nos auto-questionemos sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre o que temos feito neste mundo.
Com um elenco magnífico, o drama pessoal e a personalidade dos personagens é exposto de forma realista.
Não deixaremos também de pontuar um fragmento poético presente no filme:
''O amor é a pior das pestes, mas morrer de amor seria um prazer. Se tudo é imperfeito neste mundo imperfeito, então, o amor é perfeito, em sua imperfeição.''
É um filme que trata sobre morte e a aceitação de que ela vem para todos. Dela não se escapa, e mesmo que muitos não pensemos sobre ela, se temos ao menos a consciência dela, que possamos não perder tempo procurando sentido na vida, mas sim de alguma maneira, fazer com que ela tenha sentido.
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