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Crash - Estranhos Prazeres, de Cronenberg.

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O filme é baseado em um livro do escritor inglês J.G Ballard, e foi adaptado para o cinema por ninguém menos que David Cronenberg, diretor de ''Cosmópolis'', ''Videodrome'' entre outros longas igualmente bons.

A história é centrada em James Ballard, que sofre um acidente de carro, batendo seu automóvel no de um casal, o que ocasiona a morte do homem, porém a mulher sobrevive. A viúva acaba por se tornar amante de James, e ambos se envolvem em um grupo que tem como finalidade remontar os acidentes fatídicos que mataram celebridades, a maioria atores e atrizes de cinema, como James Dean e Jayne Mansfield.


A  fotografia de Cronenberg é impressa em um estilo limpo, com contraste característico, inquestionável filtro anos 90. Utilização de suportes de câmeras para carros, de alta qualidade, com bonitas partes em que a lente enquadra o personagem em ângulo superior, do lado de fora do carro na lateral, quando em uma cena por exemplo, Helen fumando seu cigarro vagarosamente e com lascívia. Temos também em partes, a utilização do plano detalhe, em que temos a nuca de James, seu cabelo, partes de mãos que percorrem pernas.

Os atores são densos em suas atuações. Destacando, a talentosa Holly Hunter de ''O piano''  e a atriz Deborah Kara, também teatralizando de maneira excepcional.  Entre os atores, real envolvência, magnificente sensualidade. A trilha sonora se restringe a apenas uma música instrumental que toca nas partes mais incisivas do filme,emanando ares de perigo, medo, sexo e drama.


Em Crash, temos pessoas imperfeitas por fora e por dentro. Percebemos esta ligação em alguns dos personagens que possuem limitações físicas como mancar, usar órteses para conseguir andar, ter um rosto e corpo repleto de cicatrizes. Por fora marcados pelos acidentes de carro, por dentro marcados por traumas e suas perversões sexuais. Pontuando que estes dois termos não só estão diretamente ligados, como se tornam um só. Trauma e perversão sexual, trauma e prazer.  Eles fazem dos acidentes de carro puro fetichismo.  Então temos a relação carne e máquina, adrenalina,dopamina, motores e bancos acolchoados.

O longa é sobre atos belos e sujos, sobre imoralidade gritante,vontade vulcânica e supressão de paradigmas impostos.  Sobre a busca por satisfação sexual em caminhos perigosos, arriscados até o último sopro. Afirmação de que imoralidade está nos olhos de quem vê.

Excitações com aquilo que geralmente é considerado bizarrice, como cicatrizes em relevo na perna de uma mulher, deleite ao ver vítimas de acidentes de carro, tesão após fortes pancadas automobilísticas.
A proposta subversiva de Crash, é um tratado sobre a natureza humana, relatando como é ínfimo nosso controle sobre nossos desejos.  Se os desejos forem característicos,eles nos possuem em um fluído difícil de estancar.  Uma hemofilia de desejos.

Apontando o brilhantismo da direção de Cronenberg, em traduzir intensidade em imagem, temos uma das melhores cenas do filme, em que há sexo enquanto o carro atravessa o lava-jato. Tão bonito o interior do carro escurecido, as janelas brancas de espuma, e ali dentro o pecado, o inusitado, vontades molhadas, o pesado toque. Enquanto no banco da frente um observador.

Neste longa uma mescla entre erotismo, psicodrama e carros. Até onde pode ir o homem no caminho até o prazer?

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