“Eu estava chorando por mim, por tudo aquilo que eu joguei para cima e não consegui segurar de volta porque minhas mãos estavam ocupadas.”

A peça teatral Camélia apresenta Sidonie, uma das pacientes de Freud mais importantes para o estudo do mestre a conduzir as pessoas “de volta à normalidade”, em 1918.

Sid era uma mulher apaixonada pela vida e pelos amores. Entregava-se as paixões sem culpa – entrando a questão da homossexualidade, com as milhares de mulheres da alta sociedade com quem Sidonie esteve, as escondidas e no fervor da paixão. Além de todos esses acontecimentos, existia o Nazismo e sua descendência judaica, e as guerras só faziam com que Sid desejasse explorar o mundo inteiro e amar.

Uma fala muito importante da artista na sua performance teatral, chamando minha atenção na linha e análise psicológica foi esta - “Sobre minha mãe... Aquela mulher não me amou! E eu desejava seu carinho de mãe, mas ela não gostava nem de ser chamada assim!” me fez perceber o quanto a mesma procurava e ansiava esse amor pelas mulheres ao qual se apaixonou e esteve.

Um estudo mais profundo desse comportamento nos diz Freud sobre o estágio fálico, onde a criança começa a manifestar o interesse pelo conhecimento corporal, perceber as diferenças sexuais e manipular seus órgãos. É um estágio onde o afeto é essencial para a criança - como todos os outros para o completo desenvolvimento. A falta desse afeto e a curiosidade corporal, causou possíveis alterações nos relacionamentos de Sidonie. Isso explica sua obsessão por todas as mulheres.

Eu me apaixonei pela história, assim como Luana Proença, diretora de todo esse espetáculo. E a escolha do nome, me deixou maravilhada pelo seu significado.

“As camélias não se despedaçam, elas caem inteiras.”

Finalizando toda essa arte e estudo profundo sobre o desenvolvimento humano e acima de tudo pessoal de Sidonie, ao final da peça a personagem nos diz respeito sobre um documento que será exposto em 2030 - a análise feita por Freud a respeito da homossexualidade, documento este que não pode ser exposto atualmente por questões políticas e propagação de mudanças de pensamento. Segundo informações do espetáculo, Freud escreve sobre a homossexualidade e através de sua análise obtêm o diagnóstico como uma causalidade no ser humano, deixando de lado o pensamento, antes exposto como doença.