Crepúsculo do Caos, de Derek Jarman
“De que prova você precisa de que o mundo está murchando
como uma folha de Outono? A tempestade está vindo para levá-lo ao inverno
final. Você não sente que os dias estão ficando mais curtos?”
Jarman foi um cineasta, pintor, escritor e cenógrafo
britânico. Em sua trajetória constam clipes produzidos para a banda The
Smiths, Sex Pistols e Pet Shop Boys.
Destaca-se pela sua miscelânea de cores e sons em seus curtas e longas. Ele é
uma espécie de Deus do cinema experimental, exímio em cada fotograma e em cada
som.
Em “Crepúsculo do Caos”
a conjuntura é a Inglaterra dos anos 80. A questão política tumultuosa
por conta da aversão ao Thatcherismo, que causou muito desemprego naquela
época, e era o tipo de política que apenas favorecia aos burgueses. Inclusive, a taxa de pobreza duplicou neste
período e a disparidade de renda só aumentou. Então é neste panorama que se
encontrava este longa, onde o inconformismo borbulhava.
A poética do filme é na linha visceral em estilo
beatnick. Quanto à fotografia, imagens
espasmódicas e ligeiras. Cores em psicodelia, por vezes um bonito fúcsia
avermelhado. A câmera trêmula e guerras
exteriores e interiores. A ação do vento
entre as árvores. Temos o colorido e também o sépia. A insurreição que emerge
como uivos de uma alcateia. Ruídos. Sirene de polícia. Os prédios e o fogo, o
fogo e os prédios. Um punk que se masturba em cima de uma pintura. Corpos nus
no vermelho. Tilda Swinton em azul deitada em campos floridos. Depois a mesma Tilda com um vestido longo, que ela rasga e então logo mais dança sob o crepúsculo. E uma melancolia em música instrumental.
O longa é uma experiência sensorial única, como uma sopa
artística. Aclamado como um dos melhores projetos de Derek Jarman, é feito de
uma estética excepcional em sua substância, como a maioria dos trabalhos
produzidos por ele, claro.
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