Orlando, 1992
O filme trata de Orlando, um nobre inglês nascido no século XVI que se transforma em mulher e atravessa o tempo até chegar ao século XX. O personagem fictício e imortalizado, alvo de análises psicológicas, filosóficas e literárias é obra e fruto de Virgínia Woolf, autora do livro de mesmo nome, adaptado por Sally Potter para o cinema.
Sally Potter apesar de não ser muito conhecida no mundo dos fantásticos diretores, é a única responsável pela corajosa adaptação de um livro com paradigmas e narrativa deliciosamente paródica. Muitos críticos descrevem Sally Potter como atrevida e ousada, por conseguir transformar em imagens, momentos dessa obra-prima literária.
Através das aventuras e desventuras do personagem, o filme mostra acontecimentos sofridos pela Inglaterra e transmite um ar irônico entre as comparações de homens e mulheres. Traçando a linha psicológica e sobrepondo a interioridade do personagem, pude observar e desenhar Orlando como um ser humano em busca do amor e da arte, além da sua personalidade singular de caráter exclusivo, independente do sexo.
Abordando com mais profundidade sobre o livro, o mesmo foi escrito como dedicatória, para uma mulher apelidada “Vita” com quem Virgínia estabeleceu um relacionamento amoroso. Comparando o personagem e estabelecendo sua ligação com o filme, Sally em diversos momentos transfigurou esse personagem em duas pessoas – a própria Virgínia e Vita – onde Orlando transmitia características intensas sobre Virgínia Woolf e sua força feminista e na mesma proporção conseguíamos observar Vita, por quem foi apaixonada e dedicou as palavras e linhas do seu livro.
Sem dúvida, a cineasta se deparou com diversas dificuldades para conseguir essa transposição. Provavelmente foi um dos seus maiores desafios, mas que levou ao seu mérito. Focalizando na história e seu excelente figurino, além de ter Tilda Swinton como protagonista e sua atuação impecável, só posso afirmar e indicar aos que nunca viram, o quanto é deslumbrante. Mas devo admitir que só entenderá a mensagem aqueles que são íntimos da arte e conhecem os seus mistérios.
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