Fallen Angels
A história é
centrada em uma mulher, seu sócio assassino, um menino mudo e seu pai, e outras
pessoas que interagem com estes personagens.
O filme
retrata a psicodélica Hong Kong dos anos 90. Seus bares, as majestosas
jukeboxes, muita heineken em latinha, as ruas estreitas, os barulhos urbanos em
alto tom e as luzes, ah, as luzes, as luzes de néon e o acervo de emoções
caladas ou gritantes que elas representam.
O filme é do
diretor chinês Wong Kar Wai, e foi o primeiro filme que assisti dele. Não
poderia ter iniciado em seu mundo cinematográfico de melhor maneira. Fallen
Angels é uma obra prima. As técnicas de filmagem são brilhantes e excêntricas.
Na maior parte das cenas, a câmera parece estar em 360 graus, também temos cenas em que o close é usado em
demasia, mas não da maneira hollywoodiana, é diferente, é natural, simplista, e
literalmente exerce a função de aproximação com o personagem. Não apenas de
maneira visual, mas subjetiva. Percebemos melhor em seus rostos, deciframos suas
oblíquas expressões e analisando tão de perto, vemos o pico de suas aflições.
Fallen
Angels fala sobre dependência, cumplicidade e também sobre solidão. Há a
mulher que é sócia do assassino, que freqüentemente arruma a casa dele, quando
ele não está e nunca o vê. É uma parceria invisível. Um amor imbuído, mal
resolvido.Há o garoto
mudo que passa sua vida noturna em estabelecimentos que não são dele, mas que
ele se diz proprietário. Mora com seu pai, e apesar de já ter idade para
seriedade, continua um eterno menino e vê a vida de uma maneira frágil.
Destaque
para o elenco do filme. Os atores são realmente talentosos. O jeito como se
movem, suas falas e personalidade, são sólidas e realistas.
Durante o filme, entendi que aquela fotografia "suja" se
encaixava de maneira acolhedora. Eram os anos 90. A solidão dos apartamentos
bagunçados, uma mulher vestida em látex, estabelecimentos meia-boca, a chuva
lavando o concreto das ruas.
Wong Kar
Wai é uma lupa, com seu cinema poético,
verossímil e humano.
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