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Felizes Juntos, de Wong Kar Wai.

20:08 Unknown 0 Comentários Categoria :



O longa nos traz uma deliciosa história sobre um casal gay que viaja para a Argentina para vislumbrar as cataratas do Iguaçu. Porém, o casal vive em constante conflito, se separa logo no início da viagem. Logo depois reatam, mas permanecem as bagunças emocionais.

Tudo começa com a fotografia em preto e branco, por vezes suja e outras com um contraste em cor que remete ao estilo hollywoodiano anos 50. Belos enquadramentos por detrás dos vidros de cafés ou bares, típico de Kar Wai.  Já estava sentindo falta das cores vivas de tons orientais e quentes dos longas dele, então como se ele me ouvisse pedir por elas, é na cena clássica dentro de um táxi, quando há o deitar no ombro do outro, esta ternura que permeia em quase todos os seus filmes, é quando temos o brotar das cores. Como uma analogia, por intermédio do significado das cores, é que percebemos ali, que o antes era feito de dormência e saudade enquanto ambos estavam separados, tudo preto e branco. E aquele reencontrar, recomeçar no táxi, foi o suficiente para trazer todas as cores de volta.


Então navegam nos fotogramas uma poesia, que emerge em cada plano. Uma luminária com pintura das cataratas, objeto-símbolo deste amor tempestuoso deles. Um apartamento cubículo, as paredes desgastadas, apenas uma velha cama de solteiro, um cheiro de mofo que paira. Um tango em uma cozinha alva, de pisos velhos.

Entre os dois personagens brigas animais, mas também cumplicidade. Um retrato de um casal comum, que é acometido pela maldição da convivência humana, tarefa tortuosa.  Então temos o amor e suas facetas.  Yin e Yang, fumaça e nitidez.  Duas pessoas que nasceram para se mesclar. Duas pessoas que não nasceram para se mesclar. Será mesmo amor? Ou só a tendência que o ser humano tem de procurar manter tudo por mais ruim que esteja , porque odeia mudanças? Ou é amor sim, porque o amor é este infindável paradoxo, em que ateamos algo ao fogo mas desesperadamente puxamos de volta, afagando este algo no nosso peito?

Felizes juntos, infelizes juntos. Infelizes distantes. Uma relação en – uma ligação como um carma que dura a vida inteira, este tipo de coisa que sempre acomete alguns de nós.  Por mais que se acabe, nunca se perde. Uma memória latente.


‘’Acontece que no final, pessoas solitárias são todas iguais.’’



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