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O Homem Atlântico, Marguerite Duras.

07:09 Unknown 0 Comentários Categoria : ,


Madame Duras, com um acervo de produção artística que destila magnificência, sempre nos atordoando com seu brilhantismo poético e psicodrama, tem em sua patente 35 romances, quinze peças de teatro e mais de quinze filmes e roteiros de cinema.

A mulher é um vulcão de lirismo. Sua obra pintada em verdades, por ser em demasia autobiográfica, nos conduz à uma aura fugaz e terna.
Fiz a leitura de ''O Homem Sentado no Corredor e O Homem Atlântico'',  são dois contos em um só livro. Decidi resenhar apenas o segundo conto por ter sido o que mais me envolveu.

''Você e o mar, vocês são um só para mim, um só objeto.''
O Homem Atlântico é um instante, uma hora, um minuto, ou segundo.  Ele é o pretérito perfeito. Ele é o amor encerrado em músculo, pele e osso. Mas ele também é miragem. É memória. Um fantasma que se foi. Se foi? Ou é gerúndio? Está indo ainda? É uma espécie de ciclo do adeus? Uma repetição dolorosa e ao mesmo tempo dormente.

Ele é o azul infinito, é o oceano. Uma tragédia calada. Ele também é o cinema. É feito de fotogramas. Linguagem visual.  É o cinema dentro da literatura, a literatura dentro do tempo.

Marguerite Duras com suas palavras em homeostasia poética, nos faz transcender. 
Uma tênue linha entre passado e presente. Um ensaio sobre partida, ausência. Um ensaio sobre o que fica, o que muda, e o que nunca mudará. Um grito dentro da casa à beira-mar, atrás das vidraças, um grito em frente as ondas, um grito dentro do profundo oceano de nós mesmos. Ou talvez, não um grito, um choro, uma melodia. Um delírio, um evento onírico e em contra partida sólido também. Um emudecer, um desabrochar, uma mágoa lapidada, uma partitura sobre a dor.

'' Permanecem contudo em torno de seus olhos, sempre, essas planícies que circundam o olhar e essa existência que lhe anima o sono.

Permanece também essa exaltação que me vem ao não saber o que fazer disto, deste conhecimento que tenho de seus olhos, das imensidões que seus olhos exploram, ao não saber o que escrever, o que dizer e o que mostrar de sua insignificância original. Sei apenas isto: que só me resta suportar esta exaltação a respeito de alguém que estava aqui, alguém que não sabia que vivia e que eu sabia que vivia.''

Me vi inebriada, apreciando cada pedaço desta ínfima história. O fim do amor, uma alma já magra, uma luta contra o apagão do esquecimento, do tempo. Uma daquelas despedidas que cada um de nós sofremos uma  vez na vida, e que insistirá em existir guardada em nós através dos anos. 

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