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A Trilogia das Cores, Krzysztof Kieslowski

14:11 Unknown 0 Comentários Categoria :



A trilogia das cores de Krzysztof Kieslowski no princípio me causou uma certa curiosidade pela escolha das cores. Azul, branco e vermelho? O diretor Kieslowski é polonês e não existia nenhuma semelhança ou ligação para tal escolha. Depois de muitas pesquisas, descobri a origem da escolha das cores e a inspiração de Kieslowski sobre os seus filmes, ambos maravilhosamente silenciosos – uma característica pessoal do diretor – e de uma arte visual esplêndida.

As três cores são uma referência à bandeira francesa e o projeto surgiu em 1989, em comemoração ao bicentenário da Revolução Francesa. Quando pensamos em Revolução Francesa, achamos logo que Kieslowski colocaria em suas cenas momentos históricos do acontecimento, mas estamos enganados. O sentido da Revolução Francesa era propagar liberdade, igualdade e fraternidade. O diretor na sua perspectiva, direcionou esses sentidos históricos da Revolução nos personagens, mostrando em todos os filmes a dificuldade de propagar sobre cada indivíduo essa conquista.


O primeiro filme “A liberdade é azul”, conta a história de uma mulher encarcerada pelo sofrimento da perda, tentando de todas as formas superar seu passado. Ao final do filme, Jullie ainda não consegue sentir-se liberta de todas as suas dores.


O segundo filme “A igualdade é branca”, mostra um homem desesperado pelo amor de sua mulher e sem êxito tenta de todas as formas planejar uma vingança para no fim sentir-se melhor por todo o desprezo gerado pela amada. Como Kieslowski bem quis informar, o mesmo volta para os braços de sua esposa, não se importando para as vinganças e vontade de igualar-se à esposa, causando da mesma forma, um sofrimento nela.


O terceiro filme “A fraternidade é vermelha” – particularmente o meu favorito da trilogia – encerra o enredo com uma mulher de amor fraternal, mas ao final do filme entrega-se aos caprichos de um juiz aposentado, viciado em espionar as conversas telefônicas dos seus vizinhos. Ela, tão fraterna, não concorda com suas atitudes, mas no fim está entregue e inerte ao que antes lhe era tão desprezado. Além de tudo isso, há uma junção de todos os personagens em uma rápida cena, deixando o telespectador pensativo sobre o sentido desse encontro inesperado.

Kieslowski diversas vezes em suas entrevistas, afirmava não ser um bom diretor e por isso não fez mais filmes do que os que já estão na história da sua incrível carreira de cineasta. O último dirigido pelo polonês foi “A Fraternidade é Vermelha”, e logo após isso, em 1996 como se sentisse sua partida, Kieslowski faleceu. O mais admirável no diretor foi sua humildade por toda a carreira, pois todos sabem o quanto o mesmo é magnífico. O silêncio nos seus filmes, abrindo as portas da mente de quem está assistindo, para analisar a beleza dos personagens, sua atuação, mensagem passada, é de admirar-se. A arte, assim como a Filosofia, expõe o pensador e artista como fruto do saber. A vontade de saber nos aprimora, nos completa, nos coloca de frente aos horizontes.

No filme “A liberdade é azul”, ele explica detalhadamente a cena em que Jullie está num café e há um close de cinco segundos e meio em que ela mergulha um torrão de açúcar num cafezinho: “Quis mostrar o universo da personagem, o quanto nada que a cerca a interessa.”

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